_relacionais
Como citado no post anterior, o interesse era em explorar a forma do ambiente e a relação com os corpos em movimento que interferem nesse espaço. Uma série de novos projetos que integram robôs, mapeamento 3D, alteração da superfície foram vistos como referências para o desenvolvimento teórico dessa instalação.
No primeiro projeto proposto por mim instalações que utilizavam o sensor Kinect como fonte de mapeamento do ambiente e do movimento de um corpo foram analisadas e novas funções propostas por mim. Para esse segundo projeto, após as pesquisas, minha ideia era propor uma alteração física de um ambiente imersivo, que poderia estar inserido em uma exposição ou conjunto de instalações que exploram a relação do corpo, movimento, tato e percepção visual.
_conceito:
A instalação "Relacionais" é inspirada conceitualmente nos experimentos e investigações de Lygia Clark da relação do corpo, os sentidos e os objetos/texturas. Eu tenho interesse grande em entender a relação do corpo com o mundo, as percepções do sentido, o movimento e as consequências de ações sobre um determinado espaço. Para isso, a instalação consiste em uma sala imersiva escura, onde as paredes, pretas, seriam revestidas com pixelbots. Haveriam também objetos táteis e móveis para serem explorados pelo usuário. O conceito desse ambiente é criar um momento de percepção sobre o próprio corpo e os movimentos, fazendo com o usuário perceba as intervenções de suas ações em um ambiente. Ao mesmo tempo, o ambiente escuro o isola do ambiente externo e o ausenta da realidade e se entrega a esse momento exploratório. Era interessante também a constância do movimento, por isso objetos que estimulam a movimentação foram associados ao ambiente também.
_componentes:
Sala escura e fechada, com quatro paredes e uma porta de entrada
Objetos para o usuário sentar/deitar
Pixelbots
Kinect
Sensor Robots
_propostas:
A ideia é que um banco de imagens e animações previamente curadas pela equipe da exposição sejam modificadas com o movimento das pessoas dentro da sala. Sensor Robots ou um sensor Kinect poderiam ser utilizados para mapear o ambiente e os corpos presentes na sala e traduzir em alterações de cor e forma o movimento realizado por essas pessoas. O kinect funciona com uma câmera RGB que permite reconhecimento facial, um sensor de profundidade (infravermelho) que permite o escaneamento do ambiente em 3 dimensões e um microfone embutido - captação de vozes e diferenciação de sons, possibilitando assim variados inputs para alterar o ambiente. Os Sensor Robots possuem somente uma câmera acoplada, entretanto a possibilidade de movimento pelo ambiente é muito interessante também.
A grande diferença do uso dos pixelbots para compor o ambiente ao invés de ter uma projeção mapeada, como visto no projeto anterior é a possibilidade de interação física com os objetos. Os pixelbots podem ser removidos pelo usuário e postos em outro lugar e o sistema de robôs irá se reorganizar e remontar a figura programada. Com isso, é possível prever uma interação em grupo, enquanto uma pessoa tem seus movimentos mapeados pelos sensores do kinect, uma segunda também pode modificar a sala com sua ação sobre os robôs.
O movimento de um objeto é algo muito atraente para o homem. Ainda que a imagem em movimento também tenha muita força e chame muita atenção do olhar e percepção, ver seus movimentos, fluídos, serem traduzidos em movimentos de outros objetos traz uma sensação quase que mágica para a atividade proposta.
A sala "Relacionais"possui locais para repouso e áreas de atividade. Entretanto, a ideia é que mesmo em aparente repouso as pessoas não estejam paradas. A pressão exercida pelo usuário sobre os bancos, constituídos de ExoSkin, ao se sentarem faz com que este produza uma resposta a essa pressão, expandindo e criando ondas de movimento na superfície do banco, fazendo com que a pessoa , mesmo deitada/sentada estará se movimentando. Se o usuário fizer movimentos contrários à resposta do banco, mais ele se movimentará. O movimento gerado nos bancos também será utilizado como um parâmetro e fonte de informação para alterar a forma do ambiente.
Outra ideia é que cada extremidade dos membros do corpo do usuário sejam atribuídos a um parâmetro do controlador do movimento e da imagem gerada pelos pixelbots. Por exemplo, a mão direita determina a velocidade com que os robôs se movimentam para formarem novas imagens, a mão esquerda modifica as formas de cores da imagem, fazendo com que os bots assumam outra cor e modificando o ambiente. O movimento do pé direito determina a intensidade da luz, quanto mais movimento mais luminoso o painel ficará e o pé esquerdo responsável pelo alinhamento e proximidade dos robôs.
Como as pesquisas com os pixelbots ainda mostram uma linguagem muito primária das imagens formadas eu não tenho certeza da possibilidade de intervenções nesse nível, mas num nível mais refinado, seria interessante ter simplificações de imagens fotográficas, do ambiente externo à sala imersiva, capturadas por Sensor Robots em tempo real. Os movimentos gerados dentro da sala podem tanto alterar os parâmetros do programa que gera as imagens quanto o código das imagens capturadas pelos Sensors Robots. Essa relação de interferência - visualização - movimento é muito mais interessante para mim pois a instalação estaria explorando visualmente o movimento do corpo e a interferência de cada ação do homem no ambiente que o cerca.